Alcino, o arrumador de Leiria. Conheça a história deste homem que está a EMOCIONAR o país!

Grande exemplo!

  

Começo por dizer que, em Leiria, há um arrumador de carros, Alcino Oliveira de 46 anos, e arrisco-me a dizer como há poucos no mundo. Uma das suas frases mais vulgares é: "Ponha o carro mais a direito; assim há mais espaço para os outros estacionarem". Destaca-se pela boa educação, o que faz dele o “famoso” arrumador de carros de Leiria. O Alcino nasceu em Angola e veio para Leiria, com a família, para fugir da guerra civil. “Tinha apenas 5 anos mas recordo-me de vários episódios. Queríamos era fugir dali! E viemos, literalmente, de mãos a abanar”, recorda, com alguma emoção.

A família veio para Leiria e começou a vida do zero. “Estudei até aos 15 anos, mas a vida não estava fácil e tive de sair da escola para trabalhar. Estava decidido a ajudar, com algum dinheiro, as contas lá de casa. E tentar ajudar a criar os meus irmãos”.

Foi trabalhar para a construção civil. Neste momento, faz uma longa pausa no seu relato. Recomeça, revelando que teve um “passado complicado” sobre o qual prefere não falar. “Fiquei desempregado há cerca de 20 anos. Acabei por vir trabalhar para este parque de estacionamento. Agora, ‘oriento’ aqui os carros”. Falamos, então, do facto dele ser um ‘arrumador’ conhecido e pelas melhores razões. Alcino demorou um ano até conseguir – e ainda o faz, diariamente – conquistar a confiança das pessoas.

Muitos condutores confiam-lhe as chaves dos carros para que ele os possa ir arrumando, porque o estacionamento nem sempre tem lugares vagos. “Confiarem em mim deixa-me muito feliz. E gosto de falar com as pessoas. Tudo isto me tem feito crescer como pessoa. E aprecio imenso quando me dão valor. Mas para isso, não ‘oriento’ apenas os carros. Faço de tudo um pouco. Por exemplo, ajudo aqui os restaurantes da zona a levar o lixo para os contentores ou a descarregar as mercadorias. E até já fui fazer depósitos aos bancos. Acima de tudo, sou e quero ser profissional naquilo que faço. Quero fazê-lo bem”.

Pergunto-lhe se costuma ser ajudado ou como vai sobrevivendo. “Já ganhei mais mas dá para as contas. Algumas pessoas pagam-me à semana e outras ao mês. Às vezes, até me trazem comida ou roupa. Aceito tudo. Por vezes, a roupa não me serve e acabo por dá-la a alguém que precise”.

E quando lhe digo que aquele estacionamento é conhecido pelo “Parque do Alcino”, solta uma gargalhada. “Não é nada, ‘man’, olha aí que ainda vou ter problemas com as Finanças”.

Fonte: Leiria, 17 Fevereiro 2016. Relato de Rui Miguel Pedrosa

Diz-nos se gostaste! A tua opinião ajuda-nos a melhorar!